quinta-feira, dezembro 22, 2011

é Natal?


Acreditas que se não reparasse em todas as luzinhas presentes nas varandas dos vizinhos, e em tudo o que é sítio, se não visse os centros comerciais enfeitados e etc, não me lembrava que era Natal? É horrivel esta sensação. Com que cara é que eu, um dia mais tarde, quando tiver filhos e for casada, vou encarar o Natal? É estranho. A árvore de Natal foi montada antes de ontem, não há indícios de presentes, nem pouco parecido, as luzes permanecem desligadas. E o presépio? Nem isso me dei ao trabalho de fazer. O espírito era outro quando tu estavas cá e é sempre nesta altura que me entranhas na cabeça de uma forma estonteante querendo eu disfarçar que não me sinto na solidão. E se calhar não me sinto, a verdade é que há pessoas em situações piores, mas não ter o teu carinho e o teu amor no dia de Natal é tão triste. Será que não pensas assim aí em cima? Eu sei que pensas, minha querida. Logo tu... Que sempre foste tão tocada no que diz respeito a sentimentos. A verdade é que o meu coração está como as luzes apagadas da árvore, ou seja, apagado. Está despedaçado e nem sequer me apetece sentar a uma mesa. As prendas às 22:00 de sábado já estarão abertas. O pai não tem capacidade para mais, eu sei.. mas é tão revoltante. Deus queira que, não sozinha, tenhas o melhor Natal do mundo - não o mesmo que eu, porque me faltas tu (e se calhar a ti falto eu, o mano e o pai). E agora escrevo para ti em vez de escrever para o Pai Natal, não é? Era mais fácil se aqui estivesses, mas tudo vai. Já não te dirigia a palavra há algum tempo, mas hoje tu mereces, minha linda, e devia fazê-lo todos os dias, mas tu sabes que não preciso. 
Ouve, ainda mais uma coisa! Quando cheguei há pouco a casa reparei que as minhas notas já tinham chegado e pensei que talvez estivesses tão orgulhosa de mim como estou agora neste momento, e corri ao teu quarto beijar a tua fotografia, espero que tenhas sentido.
Amo-te, mãe. Feliz Natal.

1 comentário:

  1. Olá Daniela,
    Não sei bem o que te dizer, mas sinto que tenho que deixar a minha palavra, como uma necessidade.
    O Natal é uma época bonita, uma época de partilha, de alegria, de amor. Claro que quem nunca perdeu alguém que lhe é realmente próximo, não sabe o que é sentir dor neste dia. Acima de todos os aspectos positivos, o Natal é responsável por nos trazer à memória coisas que preferimos, não esquecer, mas sim não lembrar. No entanto, quando as pessoas são o suficientemente importantes para nós, são recordadas principalmente nestas alturas, em que estamos com a família que tanto amamos, e elas faltam.
    Seja como for, Daniela, tu sabes bem que a tua mãe está sempre contigo.
    É difícil manter o espírito, para toda a tua família, acredito, mas têm-se uns aos outros, e aguentam-se uns nos outros.
    Lembro-me, quando discutimos, que me disseste que o teu pai te amava muito. E tenho a certeza que é verdade. Lembra-te que a tua mãe também te ama.
    Custa, haverão lágrimas, certamente, haverá uma enorme tensão e tristeza no ar, como é de esperar, mas lembra-te que estejas onde estiveres, estás protegida. Estás a ser amada.
    Não sei se estás a ler isto antes ou depois da consoada, mas se estás a ler antes, espero que corra tudo o melhor possível, pois mereces. És uma excelente rapariga, consigo dizê-lo, és inteligente, és lutadora e tens orgulho no que te pertence. Continua assim, porque acredita que esteja ela onde estiver, a tua mãe está orgulhosa de ti, pelo que és, foste, e um dia serás.
    Admiro-te, e admiro-te imenso, porque sobreviveste e continuaste a viver, depois da maior perda que a tua vida já conheceu.
    És forte, e a dor não vai desaparecer, mas vai tranquilizar em pequenos momentos de paz.
    Espero que tenhas tudo de bom, agora e sempre.

    E, sinceramente, acho que noutras circunstâncias, teríamos sido grandes amigas, principalmente porque partilhamos o mesmo tipo de nostalgia.

    Um BOM NATAL, para ti e para toda a tua família,
    Mariana Fernandes.

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