domingo, janeiro 16, 2011

Quando elas apertam e tu não me ouves.. Irrito-me, desculpa.



Eu pensava que a fraqueza já tinha passado, mas ontem percebi, finalmente, que isso não aconteceu. Dei por mim a pronunciar a palavra «mãe». Na verdade, já não o fazia há alguma tempo. Se não me engano, 3 anos e alguns meses? Maybe. Pronuncia como se fosse um chamamento, no fundo, era. Apetecia-me falar contigo, sabes. Eu quero mudar uma coisa no meu quarto, mas não sei se aqui em casa vão deixar, mas eu só queria ter a opinião e autorização de quem, realmente, me compreende. Tu. Aí ou aqui. Ai mamã, a falta que me fazes. Diziam-me que quando eu quisesse falar contigo que tu me ias responder, mas ontem não o fizeste. É mau? Não sei. A verdade é que eu quero mudar o meu quarto e tu não estás cá! Não estás, e isso irrita-me. Irrita-me, porque eras sempre tu que me deixavas fazer o que eu entendesse do meu quarto, e o que eu queria mudar, na altura, aparecia sempre pronto, no mínimo numa semana. No máximo, em quinze dias. Agora? Oh, agora é uma seca. Agora eu vou dizer ao meu pai e só daqui a uns anos é que, se calhar, ele se lembra de pedir a alguém para fazer o que eu quero fazer. Eu chamei-te, vezes sem conta. Quero dizer, para aí umas sete vezes. Inicialmente, decidi chamar-te para ver se a minha boca ainda dizia «mãe», disse e disse, repeti e repeti. Até que finalmente eu falei o que queria falar, mas como disse, tu não me respondeste. Ou se calhar, respondeste no vácuo e eu sim, é que não ouvi. Mãe, querida mãe, se soubesses a alegria que eu tinha de partilhar tudo contigo, se soubesses a vontade que eu tenho de te abraçar. Aiai, mãe. Depois disso, eu comecei a lembrar-me, demasiado, de ti. Eu lembrei-me de uma coisa que não gostei, ou melhor, detestei. Lembraste de quando tu estavas mesmo nos últimos andares do hospital? O teu quarto até tinha uma janela, e eu quando chegava lá perto, olhava sempre para lá. Uma vez, quando te fui visitar, já era tarde, e tu tinhas de dormir. Sim, porque os doentes também dormem. Eu dei-te muitos beijinhos, abracei-te e vim embora. Quando cheguei cá a baixo, olhei para cima, e lá estavas tu a levantar-me a tua doce mão, estavas-te a despedir de mim, isso. Parecias mesmo pequenina. E essa visão nunca me sairá do coração. 
Eu tenho tantas saudades tuas, sabias? E tu, também tens minhas? Minhas e do pai e do mano? Talvez a esta hora, se ainda estivesses cá, estarias a dormir, gostavas sempre de estar mais um bocadinho na cama. 
Olha por mim, está bem? E sempre que me ouvires a chamar-te, agradeço que me fales. Não tenho idade para decidir tudo sozinha, e preciso de uma cabeça como a tua para me orientar. Graças a Deus, até agora tenho tido força para me guiar sozinha, sem ninguém, mas às vezes essas forças falham

24 comentários:

  1. muita força fofinha, muita muita muita ♥

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  2. como te percebo!
    força*

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  3. não tens que agradecer!

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  4. uma sim! a outra limitou-se a tirar a opção dos comentários lol

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  5. Ohh, não é nada de mais :$
    Vou seguir-te.

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  6. awww, lindo! *
    força, querida! :)

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  7. não. o blogue 'disse' que não podem fazer nada contra isso.

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  8. se precisares de alguma coisa, é só falar, princesa :)

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  9. mas pronto, já nem quero saber mais disso. desde que não apareça mais por aí.

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  10. oin, nem agradeças, princesa ♥

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  11. mesmo mesmo de Coimbra?
    Eu sou de Montemor

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  12. não precisas, faço-o por gosto, sweet :)

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  13. nem muito.
    Para o ano já vou para aí viver :)

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  14. este texto tem tanto [seilá] sentimento (?) força (?).
    vê-se que escreveste com o coração. de certeza que a tua mãe tem muito orgulho em ti.
    Força querida* continua

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  15. "Olha por mim, está bem?" bastou isto para me perder em lágrimas
    está muito bonito, muito bonito mesmo:)

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  16. que lindo daniela! muita força *

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